O que sei sobre algumas partes de mim
por Ricardo Neruda
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por Ricardo Neruda
Sei que soa estranho, no mínimo incoerente, mas sinto que andei durante o dia deixando pequenas partes de mim espalhadas ao vento na esperança de que alguém fosse encontrá-las e me procurasse para devolvê-las, mas percebi que estava sendo orgulhoso e egoísta.
Sei que soa esquisito, no mínimo indecente, mas deveria despir-me de minhas vergonhas neste momento e da arrogância e talvez buscar enxergar com outros olhos aquilo que aos poucos começo a perceber.
Sei que deve parecer desnecessário concluir o quanto valem partes de mim, mas ainda assim lhe pergunto: o quanto valem partes de você? Suas memórias, seus caprichos, palavras, desejos, anseios, pensamentos, sentimentos e tudo o mais que faz parte do seu ser, imperceptivelmente na penumbra das horas e dos passos do dia-a-dia.
Sei, e apenas sei, que tudo na vida tem seu valor único. Andei o dia deixando pequenas partes de mim, se você encontrou e soube fazer bom uso, eu apenas devo dizer que depende de você também compartilhar partes de você e concluir aquilo que agora sei.
É o que sei.
Às vezes, muitas das respostas que obtemos consistem em rebuscar a nossa própria vida.
Ricardo Neruda
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