Boa noite, leitores!
É com prazer que estamos anunciando a nossa nova coluna no blog!
Quinzenalmente, às quartas-feiras, estaremos publicando algo extra no blog - seja um texto nosso ou outra ideia completamente diferente e ideias dos nossos leitores - dando prioridade aos textos dos nossos leitores, que chegam ao nosso e-mail.
Entretanto, conforme a demanda, poderemos estar eventualmente postando semanalmente nesta coluna!
[Aleatoriedades] porque é aqui que damos espaço não apenas para texto, mas para histórias em quadrinhos, músicas, clipes, entre outras ideias e também para textos que não sejam de autores do blog. Fiquem ligados e indiquem seus amigos!
E para a estreia da nossa coluna, Lorena Belfort conta sobre um jardim que guarda uma lembrança, segredos entre as flores de jasmins...
Confiram a seguir!
Créditos da imagem: http://undergrn.deviantart.com/
Jardim dos Segredos
Por Lorena Belfort
O vento gélido soprava sobre a
pequena cidade de Canelas, e mesmo o sol reluzente no alto do céu não era capaz
de aquecer a jovem menina sentada sobre o batente da janela que permitia a
vista para um belo jardim de jasmins, que emitiam um cheiro delicioso e suave.
Se alguém tivesse o prazer de ver tal
imagem se encantaria com o olhar brilhante da pequena, e o sorriso com um misto
de alegria, porém, assim como um quadro é mais do que se pode ver, aquele
retrato era mais que um simples ato de felicidade.
Observando com mais atenção à menina
de olhos brilhantes, pode-se ver que bem no fundo, no lugar mais escondido
estava ali uma pequena tristeza. Mas, não estranhe esse descontentamento porque
logo irão descobrir o seu motivo.
Já fazia exatamente três dias que a
jovem menina de olhos castanho-esverdeados e cabelos castanhos claros, estava
de repouso em casa vítima de um grande mal. Fato este, que a fez se afastar até
mesmo de sua escola onde cursava o segundo ano do ensino médio.
“Sofia” o nome da menina ecoou
através de uma voz calma e triste. “O remédio” a menina fora lembrada de seu grande
desprazer, sua doença incurável e que lhe tirava o sopro da vida dia após dia.
“Hum...” a jovem menina apenas
ignorou o chamado da mãe, pois já estava saturada do modo como vinha vivendo há
dias.
“O que tanto olha por esta janela?” a
mãe perguntou estendendo o comprimido para a pequena que não hesitou em tomá-lo.
“Um príncipe montado em um cavalo
branco.” Sofia respondeu rindo para a mãe que sorriu em negativa. “Ele ainda
pode chegar...”.
“É sim, pode meu bem.” a mãe
confirmou com o coração na garganta, e o sufoco de saber que iria perder sua
única filha, e o seu maior tesouro; além da vontade de não destruir o resto dos
sonhos de sua pequena herdeira.
“Mãe...” Sofia a chamou, e quando a
mais velha a olhou com os olhos cheios d’água a menina sorriu curto e disse:
“Não é nada”.
Dor. Este era o único sentimento em
maior quantidade, e que mais se tentava esconder naquela casa de classe média
baixa, composta por Sofia e Letícia, filha e mãe, respectivamente.
Quando mais jovem a dona Letícia perdera o marido
em um trágico acidente de avião, pois o mesmo era piloto, e apesar de ser um
bom homem e com certeza aos olhos da viúva seria um ótimo pai, ele teve o azar
de ter perdido a vida do auge da idade e na época a pequena Sofia possuía
apenas um ano de idade.
...
A jovem Sofia fitava suas amigas
sobre o ar livre, companheiras de qualquer hora, suas amigas do peito que a
acompanhavam por dias, para quem confessava os segredos de seu coração
adolescente. Quando uma tontura lhe sobrepujou, rapidamente um enjoo abateu a
pequena e em um piscar de olhos a vista dela escureceu.
Não havia tido demora alguma do
momento que Sofia caiu ao chão desacordada, do instante em que Letícia chegou
de sua saída à mercearia. Porém, o que estava feito não poderia ser mudado. Tudo
foi muito ligeiro. Um grito, as compras caídas ao chão, passos rápidos e um
choro de angústia. Apenas uma ligação; a casa fora fechada e o jardim de
segredos deixado para trás.
...
Os médicos já haviam dado o caso por
encerrado, e a menina desmentida, mesmo que a frágil respiração dela ainda
fosse presente, bem como todo o futuro que aos poucos se esvaía.
“Mamãe...” Sofia chamou pela mãe,
abrindo os olhos brilhantes.
“Acho que não haverá um milagre.” Ela
disse, fraca.
“Haverá sim!” a mãe afirmou com a voz
embargada por causa do choro, na tentativa desesperada de manter a esperança
viva em sua filha, que apenas sorriu em uma negativa.
“Prometa-me que cuidará de meu
jardim.” Sofia pediu com a voz fraca. “Que conversará com as minhas jasmins e
que será feliz.” Pediu com os olhos brilhantes.
“Eu prometo”. Letícia assegurou,
apertando as mãos de sua filha entre as suas.
“Prometa-me que irá abrir seu coração
para o homem que vai aparecer, quando estiver à janela de casa observando o meu
jardim”. Sofia pediu com os olhos cintilando, enquanto a mãe escondia a
incredulidade em seus olhos.
“Sim”. Letícia concordou apenas para
ver os olhos esperançosos de sua herdeira, o mesmo olhar que remetia ao seu
falecido esposo.
“Eu te amo, muito!” Sofia exclamou
num fio de voz. “Preciso dormir um pouco, mamãe.” Disse fechando os olhos.
“Estarei aqui segurando sua mão até
você acordar.” Letícia disse, velando o sono de seu tesouro.
Enquanto as horas passavam a pequena
dormia segurando firme a mão de sua fortaleza. Mas, em um momento o aperto se
afrouxou, os barulhos dos aparelhos se tornaram agudos e contínuos.
Morte, dor e lágrimas.
...
O velório. Bem, eu não tenho muitas
palavras para lhes contar como foi. Entretanto, posso lhes contar que naquele
lugar Letícia encontrou um rapaz, da idade de sua filha, que estava com olhos
inchados e completamente vermelhos. Ele confessou a Letícia que sempre amou a
pequena Sofia.
Ah... Cruel infelicidade que abateu
aquela família, aqueles dois adolescentes, e que, para Letícia, mesmo
descobrindo que sua filha fora amada, não afagava a dor da perda, mas incitava
a mulher a pensar em como a vida de sua filha poderia ter sido.
Será que Sofia teria amado o garoto
também? Será que aquele garoto bem afeiçoado teria sido o príncipe que salvaria
sua filha com um beijo? Quem poderia dizer algo? Mas, porque viver de “e se”
quando o que estava feito não teria volta?
A verdade é que Letícia jamais
conseguiria viver sem seus “e se”. Pelo menos, até um dia futuro. Nele o sol
estaria brilhando forte, e o calor a fazia suar por causa do trabalho no jardim
de jasmins. E o sorriso estampado no rosto delicado da mulher, apesar de triste,
mostrava a vitória por mais um dia.
“Bom dia!” a voz masculina soou do
portão, fazendo a mulher se levantar e observar o homem de sorriso tão quebrado
como o seu.
“Bom dia.” Letícia respondeu.
“A senhora poderia me arranjar um
pouco de açúcar?” ele perguntou educadamente.
“O senhor é novo vizinho?” ela ousou
perguntar ao se aproximar da porta de sua casa, e o viu responder
positivamente.
Aquele
era o início dos primeiros de muitos diálogos que eles iriam ter pela frente,
bem como um dia fora dito por Sofia a Letícia.
_____________________________________
Envie seu texto pra gente!
Escreva para: vendedores.de.ideias@gmail.com
Até a próxima!
Que lindo!
ResponderExcluirQue lindo!
ResponderExcluir