Boa noite! Uma ideia que venho querendo publicar há um tempo são rascunhos e esboços do dia-a-dia. Algo que vivo na prática. Mas pretendo selecionar as melhores histórias e ver se consigo contá-las e compartilhá-las, não como uma auto-promoção, mas apenas pelo prazer de contar histórias e reflexões e de não deixá-las esquecidas.
Segue o prólogo de "Dias de um Interno". Publicarei ele no meu Widbook também, assim que tiver mais capítulos. Até a próxima!
Dias de um Interno
Prólogo: Dias Pré-Internato
Não sei exatamente o que se passa na cabeça de uma pessoa que desde criança quer ser médico. Deve ser porque eu nunca quis ser médico.
Não é qualquer pessoa que se prepara para o vestibular e muito menos passa para o curso de Medicina. Muitos querem tanto esse sonho.
Eu não queria.
Não há o que esconder e dizer que eu sonhava em fazer Medicina, eu estaria mentindo. Eu queria qualquer coisa da área de exatas, mas por não ter certeza do que eu queria fazer e pela imaturidade de não saber escolher e arcar com as consequências das minhas escolhas, ouvi os conselhos da minha família e prestei o vestibular para o curso de Medicina.
Fui aprovado.
Para resumir os dias pré-internato, que basicamente são os quatro primeiros anos do curso, eu devo dizer que quase desisti no primeiro ano, comecei a me identificar no segundo, no terceiro descobri uma área pela qual eu gostaria de me dedicar e no quarto ano eu queria apenas formar logo.
Para quem não sabe, o curso de Medicina atualmente abrange 6 anos de curso, sendo um curso diurno (inclua noturno também aqui), onde os 4 primeiros anos são em sua maior parte teóricos e os 2 últimos anos são de práticas dentro dos hospitais - esta fase é o que chamamos de internato. Residência é o mesmo que especialização e só pode ser feita pelos médicos já formados.
Enfim, nossa! Parece que passou tão rápido! Mas, enquanto estamos passando por infinitas provas, com medo constante de reprovar, de não formar e ao mesmo tempo conflitando com tudo o que você poderia fazer além da faculdade, pelo fato do curso exigir tanto de você que basicamente estudar é o que você faz na vida, o tempo demora a passar.
Eu poderia escrever um livro sobre tudo o que acontece, detalhar fato por fato, dificuldade por dificuldade, e ainda por cima, relatar as particularidades dos problemas que ocorrem a cada estudante, porque por trás deste, existe toda uma vida pessoal.
Algo que eu venho aprendendo durante o internato é que vida de médico não é fácil, e somo isso aos dias pré-internato, internato e ao que vejo dos residentes e médicos já formados. O tão aclamado sucesso e dinheiro vem devido a no mínimo 6 anos de estudo, esforço e trabalho. Se fosse fácil como muita gente diz, todo mundo estudaria Medicina e aguentaria o peso da profissão tranquilamente. Além disso, deve-se considerar que a pessoa ainda tem que saber lidar com vários tipos de pessoas, risco de doenças, pouco tempo para muito o que estudar, além das dificuldades de tentar atender várias vidas com dores físicas e mentais sem esfriar o próprio coração, sem ser estúpido ao lidar com uma pessoa com dor ou destratá-la (porque alguns pacientes até se fingem de espertos pra querer um atestado, mas e aqueles que estão verdadeiramente precisando?). Fora o fato da grande desvalorização dos profissionais e do preconceito de muitas pessoas contra, não só a classe médica, mas o próprio estudante de Medicina.
A Medicina não é apenas romântica e uma arte, por muitas vezes ela é tangencial e fria, além de marcante.
Sobre os dias pré-internato que logo antecedem seu início: muita papelada, burocracias, estresse (não só da parte dos alunos, mas dos professores que assumem a tarefa de coordená-lo). Sobre o internato, neste caso, sobre o meu internato, bem, é o que pretendo contar nos capítulos seguintes.
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