Saudação, pessoal!
Pra variar, uma leitura descontraída!
Uma crônica sobre você no semáforo. Diga se não é assim.
Boa leitura!
Pra variar, uma leitura descontraída!
Uma crônica sobre você no semáforo. Diga se não é assim.
Boa leitura!
Semáforo
por André Basualto
Todo semáforo é um constante desespero, principalmente se for à noite em um lugar onde as pessoas não fazem muita questão de dar o ar de sua graça.
É sempre assim, você em sua calma, ou em uma desesperada pressa de chegar em casa após um dia cansativo, depois de buscar as crianças na escola, ou de trabalhar o dia todo em projetos, ideias, correr de um lado para o outro, tudo em um ritmo acelerado, porém, tudo desacelera no semáforo.
Existem semáforos que avisam quando vão fechar, piscam sua luz verde antes de amarelar, já outros apenas fazem a surpresa de se tornarem amarelos tão logo você pense no cruzamento ultrapassar. E ali já começa a indecisão: devo acelerar ou frear? Cruzar ou parar? Ir ou não ir, eis a questão.
Às vezes aquele sutil xingamento ao moderador de 3 cores.
De dia, sem ar condicionado, pode ser sufocante ficar parado com aquele calor, de noite, amedrontador ficar sozinho parado no semáforo.
Mas o pior é quando você está ali, esperando para o sinal abrir, e acontece de tudo. Pode até ser que você pense em acelerar e um gato passe correndo pela frente do carro bem nessa hora, pode ser que apareça alguém pedindo uma esmola. Ou o pior de tudo.
Um motoqueiro para do seu lado. Será um bandido? Será que ele vai sacar a arma e bater no vidro e gritar: "passa a carteira"!?
Aquele momento cruel em que você simplesmente congela, tenta se esconder de algum jeito, quer desaparecer e se enterrar no assento do carro, no porta-malas, até no porta-luvas se fosse possível! A tensão permanece, o sinal abre, o motoqueiro vai embora. Tudo fica bem.
Seguindo em frente, indo para casa novamente, até que o outro maldito sinal se fecha. É o momento em que um xingamento é feito para um engenheiro de trânsito anônimo, seja lá qual o motivo. Dessa vez você olha para um lado e para o outro, não vem carro, não tem fiscalização. "Pode ir", diz seu subconsciente morrendo de medo, e você volta à direção.
Mas para sua azarada sorte, ainda faltam alguns semáforos pela frente, e lá vai você, sortudo, ficar parado em outro, onde não é possível ir adiante devido ao fluxo da outra avenida.
Uma moto para com dois homens, um deles tem algo no bolso, não dá pra ver bem o que é. Pode ser uma arma. Do outro lado, um carro com vidros abertos e um homem de bigode mal encarado, acompanhado de pelo menos mais três pessoas que fazem algum tipo de confusão. De repente todos parecem estar olhando e espionando para dentro do seu carro.
"O que estão olhando tanto? Por que essa cara? E esse cara armado? E esses bandidos aqui do lado? Por que esse bigode"? Nunca tantas perguntas foram feitas quanto nesse momento.
Para piorar a situação, o bigodudo começa a aparentar raiva, parece xingar todo mundo dentro do carro e, de repente, você vê um corpo sendo lançado para o banco da frente no carro vizinho, sendo empurrado a força, sofrendo!
Terror!
Pânico!
Frio pela espinha!
...
Desespero!
"Abre, sinal"!
"Abre, caramba"!
Um pequeno palavrão é solto.
Do outro lado o motoqueiro tira algo do bolso, mas o desespero é tanto que você já percebeu e concluiu tudo: está no meio de um fogo cruzado!
"Vai ter tiro pra tudo quanto é lado"! Você pensa e nada do sinal abrir. As lágrimas já escorrem pelo seu rosto e a respiração cada vez mais ofegante, o ar começa a faltar, a vontade era de abrir o vidro, mas o medo é maior. E o sinal fechado, os carros passando e você entrando em pânico.
Você fecha os olhos.
De repente o som de uma buzinada frenética atrás de você. O sinal abriu e o motoqueiro e o outro carro já partiram para o próximo semáforo.
Em prantos, sem pensar direito, não há outra opção a não ser seguir em frente.
É nesse momento, ao parar novamente do lado do carro do bigodudo e do motoqueiro acompanhado que você percebe tudo.
O amigo do motoqueiro apenas havia tirado um celular do bolso. E quando você olha para o carro ao lado, a cena mais improvável e bizarra de se ver: o tal "corpo" sendo lançado para a frente a força, sendo torturado, massacrado e destratado era apenas um manequim. Sim! Um maldito manequim!
Se você pensou em rir? A vontade era de chegar em casa, chorar, ligar para um amigo, namorado, namorada, cônjuge, amado, pai, mãe, avô, avó, cachorro, gato, papagaio e desabafar o quão cruel é dirigir numa cidade com tantos semáforos.
_______________________________________
Pode rir ou pode chorar, com um pouco de ficção contei essa história baseada em um fato real com um manequim no carro vizinho (não, não aconteceu comigo), acho que isso é o que mais me faz rir nisso tudo.
Será que vivemos com medo ou as coisas estão realmente mais violentas? Vale a pena refletir também.
Comentários
Postar um comentário