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Um pouco de Manaus para o Mundo

Uma crônica para o aniversário da cidade de Manaus, meu lar, meu berço, e maior parte da minha vida.



MANAUS
Por André Basualto


"Terra dos barés(...), rios colossais. Se tu és minha cidade terei um dia saudade se de ti me separar".

Raramente lembro dessa canção, que me veio à lembrança durante a escrita deste texto e que cantávamos no Colégio, canção que pergunto se ainda se canta em alguma escola. Nada é como o nosso lar, e Manaus, ainda que imperfeita, é única.

Lembro de ler os contos de A Cidade Ilhada e ficar rindo de Milton Hatoum e sua habilidade de conduzir todos os caminhos a Manaus, achava engraçado como as histórias tinham esse vislumbre e magnificência sobre essa cidade e como a relação dos personagens com a mesma, ainda que tão distantes eventualmente, era significativa.

Mas eu ainda estava no ensino médio e logo eu perceberia que muito daqueles textos eram espelhos reais do que aconteciam na vida dessa cidade e que a maior graça estava em perceber o talento que o escritor tinha de observar as entrelinhas do lugar e da vida, ou seja, que era real a ligação de tudo com Manaus.


Manaus é um ovo, costumamos dizer. Com as redes sociais isso é bem evidente, sempre há um amigo em comum, e se não houver duvide que aquela pessoa saiba nadar ou goste de Baré.

Não consigo entender ainda como essa convergência à cidade literária é tão tangível e real, mas posso assegurar que ela existe. Seja o amigo no Japão representando internacionalmente a Universidade do Estado, a amiga que vai ao Espírito Santo visitar a mãe e leva metade do peso da mala na tal da farinha, aqueles seus amigos que tem mil primos e levam litros de refrigerante na mala para Brasília, dos conhecidos em São Paulo, Minas e claro, de todos esses que decidem tirar férias em Fortaleza, lugar onde brota amazonense em cada praia se duvidar.

Às vezes reclamamos que não temos o que fazer ou  que nada existe em Manaus, mas na verdade basta dar uma olhada ao redor. O Teatro Gebes Medeiros e os Amattores, o Teatro Amazonas e a Filarmônica, o Largo São Sebastião com os especiais musicais do Tacacá da Gisela sob o luar prateado; as ruas com os nomes de pessoas que aos poucos descobrimos sua história e até mesmo conhecemos parentes dessas pessoas inesperadamente. Os shoppings, a Ponta Negra, os flutuantes e a Praia Dourada, o extinto Ariaú Amazon Towers e a Arena da Amazônia, que muita gente tacha de Elefante Branco mas prontamente se reúne para as partidas ilustres de Futebol, seja com o Fast ou a própria Seleção Brasileira. A centenária Universidade Federal do Amazonas, responsável pela formação de vários, minha inclusive. Tudo isso só mostra que a cidade faz jus ao título, “Mãe dos deuses” e ao antigo apelido de “Paris dos Trópicos”, não que sejamos deuses, mas pelo simples fato de que cada um tem um potencial para ser grande na vida.

Seja na canção ou na literatura, havendo quem ame ou quem odeie, Manaus é a cidade pela qual espero ansiosamente pelo próximo voo.

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